Páginas

A Garota Espantalho

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014.
 Jhon vivia na fazenda de sua família desde que nasceu, de modo que as tarefas matinais não eram incomuns para ele. Jhon carregava uma cesta sobre sua cabeça e fazia o seu caminho através dos grandes campos de milho que fazia parte da fazenda.

Era época de colheita para ele e sua família... então eles estiveram muito ocupados nas últimas semanas.
Enquanto caminhava para o campo, ele não pôde deixar de notar o espantalho que estava no alto dos pés de milho balançando devagar. Essa coisa de velha tinha estado no mesmo local durante o todo tempo que ele podia se lembrar, todos esses anos lá, obviamente se desgastando, ele foi até o espantalho que na verdade foi feito com características de mulher. Seu cabelo longo, preto, grosseiramente bagunçando, seu vestido esfarrapado e rasgado e seu corpo pálido manchado. Ele pensou consigo mesmo o quanto ele adorava aquela garota espantalho.

Ele ficou em silêncio olhando para a seu velha amiga, lembrando-se de como ele tinha compartilhado tantas coisas com o objeto inanimado quando era mais jovem e se sentia sozinho. A garota espantalho também tinha um sorriso eterno e olhos vazios que de certa forma era reconfortante para ele, ela tinha uma promessa silenciosa de nunca dizer outra alma tudo o que ele tinha dito a ela.Desde muitos anos que ele falava com a garota espantalho, mas também percebeu que com 18 anos de idade seria melhor não visto conversando com um objeto inanimado. Embora ela, a garota espantalho de alguma forma tinha vida. Ela foi sua primeira e melhor amiga. Eles viveram juntos, brincavam juntos e cresceram juntos... mas a respeito disso, ela nunca tinha notado antes que ele parecia ficar mais velho, enquanto ela ficava mais desgastada. Ele sorriu e sentou-se ao lado do pólo da garota espantalho.


- Sinto muito, faz tempo que não venho aqui - ele sussurrou para sua amiga. - Eu estive muito ocupado ultimamente.


O vento soprou o cabelo do espantalho e sussurrava o feno saindo de seu corpo.


- Sim, eu sei, acho que isso não é desculpa. É que eu conheci uma garota - disse ele sorrindo. - Ela é incrível. Acho que... você sabe... ela pode ser quem eu procurava.

Novamente o silêncio encheu seus ouvidos como o vento soprando através do campo de milho. A garota espantalho continuava completamente imóvel.


- Você gostaria de conhecê-la? Ela adoraria te ver! Hoje a noite ela vai jantar lá em casa, vou traze-la para fora e depois apresentar uma a outra - disse ele ao espantalho enquanto se levantava. Ele olhou para sua velha e querida amiga, mais uma vez antes de ir para terminar suas tarefas diárias.



-------------------------------------------------------------------



- Vamos Lilly! - Ele gritou para a moça, rindo enquanto ele corria com ela em direção ao campo de milho escurecido. Ele estava animado que sua namorada tinha concordado em vir jantar e conhecer seus pais, mas estava um pouco nervoso para mostrar sua amiga. O que ela pensaria? Ele era quase um adulto e ele ainda estava falando com um objeto inanimado?Ele sorriu para si mesmo, o que ele estava falando? Lilly era tão gentil, doce e compreensiva, é claro que ela gostaria de conhecê-la. Ele se virou para ver se sua namorada ainda estava seguindo e mas ele não conseguia vê-la.


-Lilly!? - Ele gritou enquanto olhava ao redor. - Não pense que você pode se esconder de mim no meu próprio campo! - Ele gritou penetrando o silêncio enquanto olhava para a silhueta dela se aproximando. Ele chegou até sua amiga espantalho, tendo a visão de suas costas em primeiro lugar.


- Olá - ele sussurrou. - Eu trouxe ela para te conhec... - Ele parou de repente, ele caminhou até a frente do espantalho e descobriu que lá não era sua amiga que ocupava o poleiro, mas sim o corpo de Lilly. Seus braços e pernas foram amarrados grosseiramente com cordas sujas ao velho poste de madeira e seu estômago cortado com seus fluidos internos pingando do ferimento. Rosto de Jhon ficou pálido e ele caiu de joelhos com o choque.

Quando suas mãos tocaram o chão, sentiu um pedaço de papel ao lado do poste de madeira. Com as mãos trêmulas, ele o pegou e leu a mensagem mal escrita:

- Agora você não estará tão ocupado.

Ele leu em voz alta, com a voz trêmula e os olhos cheios de lágrimas. Ele rasgou o papel e se levantou mais uma vez para olhar o cadáver pendurado na vara na frente dele, mas antes ele ficou cara a cara com o rosto sempre sorridente de sua velha e querida amiga.

0 comentários:

Postar um comentário