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domingo, 17 de abril de 2016.
O carro dos meus pais saiu da garagem e eu fui direto para o meu quarto. Meu laptop estava em cima da escrivaninha e eu o liguei.

19h30 Entrei no Facebook mas logo fiquei entediada porque não tinha ninguém com quem eu gostaria de conversar online. Lembrei que um amigo havia me falado sobre um site outro dia. Ele me disse que muitas pessoas entram nesse site e compartilham um negócio chamado "creepypasta"? Bom, decidi tentar. Entrei no site e a primeira coisa que vi foi uma citação bem esquisita no topo da página.

20h00

Enquanto ainda fuçava pelo site, encontrei histórias na categoria NSFW* e decidi ler algumas delas. Iam de histórias sobre namoros que deram errado, um episódio perdido de Bob Esponja, uma musiquinha estranha de video game que fez meus ouvidos doerem e algo sobre um homem degenerado que queria que sua mãe o molestasse toda hora até coisas sobre as quais eu já havia ouvido falar, como Jeff The Killer, Slenderman, o Rake...

Decidi abrir uma conta e conhecer mais do site. Coloquei um username... 'Lily!' e o site pediu por e-mail. Coloquei um que eu sequer olhava. Quando coloquei todas as minhas informações e já estava animada pra começar a usar, ele me pediu que checasse o e-mail de confirmação antes. Merda.

20h46

Na minha Caixa de Entrada, não conseguia achar o e-mail da Wikia, então continuei passado pela lista de e-mails até descobrir que tinha ido pra caixa de spam. Fui até a pasta cheia de e-mails me dizendo que havia ganhado algo ou que "encontraria o amor" num site de relacionamentos religioso até que finalmente achei o e-mail.

Mas outro e-mail chamou minha atenção.

Estava na caixa de spam, mas o título era: Um Jeito Assustador de Terminar um Namoro.

21h00

A curiosidade falou mais alto, então cliquei... Mas logo comecei a rir porque vi que era apenas mais uma daquelas correntes. Tinha diversos erros gramaticais e envolvia um namorado matando sua ex ou algo do tipo.

UM JEITO ASSUSTADOR DE TERMINAR UM NAMORO!

NÃO PARE de ler isso ou algo muito ruim irá acontecer!




Um dia, Sarah estava indo a pé da escola para casa quando seu namorado passou de carro e buzinou para que ela entrasse no carro e, quando ela o fez, os dois foram até o lago. Seu namorado disse que ia lhe contar algo muito importante. Sarah podia jurar que ele ia pedi-la em casamento. No entanto, ele a empurrou para dentro do lago e gritou "Acabou entre a gente, você é péssima!! Eu te odeio e acho que você devia se matar!"

Ele riu enquanto entrava no carro e dirigia para longe. Era um dia muito frio. Sarah saiu do lago, morrendo de frio, e se sentindo mal como nunca. Quando chegou em casa, entrou na banheira e cortou os pulsos, morrendo ali mesmo. Os pais dela gritaram e berraram para que ela saísse da banheira até que finalmente arrombaram a porta.

Não viram ninguém, mas o banheiro todo estava encharcado com o sangue de Sarah. Sua mãe enlouqueceu e se matou três dias depois e seu pai etá na prisão, acusado de assassinato. Mais tarde naquela semana, o pai do namorada da Sarah estava tomando banho quando ela apareceu de dentro do ralo, sangrando e apodrecendo, com lâminas na mão e disse "acabar com a vida dele... acabar com a vida dele...". Ela cortou sua garganta antes que ele pudesse gritar.

Sarah matou toda a família dele, mas não conseguia achar Jason em lugar nenhum. Se você não repostas isso com o título "1 jeito assustador de terminar", você não tem coração... e Sarah virá atrás de você pelo ralo do chuveiro e te matará do mesmo jeito que matou o namorado.

Você tem 13 minutos.


21h45

Depois de rir por um tempo daquela corrente, fechei o computador e olhei pela janela porque um som havia chamado minha atenção. Fui preenchida por medo.

Sentado em suas longas pernas e sua cara feia, estava meu ex namorado idiota. Fumando.

Ele jogou o cigarro no chão e bateu na minha janela. Ignorei-o e fechei a cortina. Ouvi-o xingar e ouvi seus passos na escada da entrada da minha casa, mas não ouvi o seu carro ligando. Dei de ombros e saí do quarto, o chão estalando conforme eu andava. Por algum motivo, ainda estava pensando naquela corrente. Bufei e fui ao banheiro.

21h57

Tirei a roupa e entrei no banho. Enquanto lavava o cabelo, comecei a pensar em escrever uma creepypasta. Minha mente foi inundada por ideias, até que ouvi o barulho de algo rangendo... vindo da porta. Ignorei e fechei os olhos para tirar a espuma do cabelo.

De repente, a cortina do chuveiro se abriu e eu gritei, horrorizada. Lutei violentamente e escorreguei na banheira, caindo de cara no chão. Senti uma dor repentina na minha batata da perna. Havia uma faca lá, bem funda, e o sangue corria e vazava para o chão. Ainda nua, consegui escapar do agressor e fui até a parte da frente, torcendo para que algum dos vizinhos estivesse lá fora, mas todas as casas estavam escuras e um silêncio ensurdecedor preencheu o ambiente.

Senti uma respiração quente no meu pescoço e uma língua lambeu minha nuca. Tive que engolir as lágrimas enquanto me virava lentamente.

Ele riu na minha cara enquanto cravava uma faca no meu estômago e rasgava a região. Meus gritos se tornaram gemidos enquanto eu caía no chão, tentando segurar minhas entranhas, meu rosto encharcado com aquele sangue quente e grudento. Virei-me mais uma vez para vê-lo. Sua respiração cheirava a cigarro enquanto ele chorava.

"Você é tão linda! Como não pôde me amar?" seu tom de voz mudou repentinamente para um tom mais otimista "E eu ainda te amo! Ainda posso fazer amor com você! Você só vai estar um pouco mais fria... E reclamar menos..." ele chorava.

Finalmente tirei as mãos do meu estômago enquanto as lágrimas quentes me cegavam. Sangue jorrava da ferida e minha visão estava borrada. A última coisa que vi foi ele abrindo o zíper e corri meu olhar para o relógio da rua... Há 12 minutos atrás eu estava rindo de uma corrente... Caí em questão de minutos. Gostaria de ter pego uma faca... Teria feito mais sentido.

Entreguei-me à escuridão. A última coisa que senti foi algo entrando em mim.

21h58

Ela é tão linda! E esta ótima... Mais do que o normal. Esforcei-me pra que durasse, mas não tirei há tempo.

Assim que havia terminado, peguei-a pelos pés, deixando um rastro de pele e sangue pra trás. Eu não ligava pra bagunça. Eles entenderiam nosso amor.

Fui até seu quarto para pegar algumas roupas pra ela. Procurei até achar uma mala dentro do armário. Vi seu computador e liguei-o, procurando por horários de ônibus. O e-mail dela estava aberto em uma corrente. Senti, de repente, um sentimento horrível tomar conta de mim... Como alguém sabia?

E então eu congelei. Pude ver algo pelo reflexo do canto da tela do computador. Tinha algo atrás de mim, balançando pra frente e pra trás, com algo afiado nas mãos. Tinha longos e escuros cabelos e estava soluçando. Eu estava paralisado e com frio. Olhei para o meu amor no chão, fria e ensanguentada, e quis protegê-la.

Quando me virei, aquilo ainda estava no canto, soluçando, mas agora olhava diretamente pra mim, com um olhar mortal. Tinha que sair dali com ela, de maneira segura, então rapidamente peguei a mala e virei-me por apenas um segundo. Um grito horrível preencheu o cômodo enquanto aquilo vinha pelo chão com uma velocidade inumana e cortou brutalmente meu calcanhar. Gritei enquanto caía no chão ao lado do meu amor. Seu olhar congelado em choque. Não se preocupe, eu vou te proteger...

Arrastei-me até o banheiro, sem saber para onde aquela coisa havia ido. Levantei até ficar na altura da pia e vomitei enquanto a dor e a tontura inibiam meus sentidos. Assim que olhei no espelho, estava lá, se arrastando na parede ao meu lado. Tentei me mexer, mas aquilo pulou nas minhas costas, cravando as lâminas na minha pele. Olhei no espelho e então vi que era uma garota. Ela começou a gritar, enquanto levava um caco de vidro ao meu pescoço.

"O tempo acabou, Jason!" disse com uma voz demoníaca.

Antes que ele pudesse gritar, Sarah cortou sua garganta.
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Room Zero

quarta-feira, 13 de abril de 2016.

Já faz um tempo que eu não falo nada relacionado a Corporação Disney e tenho certeza que você sabe o porquê.

Muita coisa vem acontecendo desde minha última postagem. Recebi um monte de perguntas e preocupações de pessoas que leram meu relato em primeira mão do Palácio de Mogli, um resort que foi construído e Abandonado pela Disney.

Eu quero agradecer a todos que compartilharam pela internet. Infelizmente, ele foi excluído de alguns lugares, principalmente dos sites corporativos de grande influência que foram facilmente intimidados por um poder maior. No entanto, para cada tópico deletado ou postagem de blog excluída, mais umas cem surgiram.

Isso é algo que eles não conseguirão enfrentar. Não há mais volta para eles e nem pra mim.

Eu definitivamente estou sendo perseguido. Fiquei um mês ou dois isolado, paranoico. Qualquer olhar casual ou um pequeno sorriso em minha direção me causava desespero e até arrepio na parte de trás do pescoço.

A pessoa, ou melhor, a primeira pessoa que eu percebi estar me perseguindo, foi um falso consertador de telefones que ficava em volta de meu apartamento.

Ele tinha meia-idade, pastoso, vestido exatamente como qualquer um esperaria. Eu não poderia acusa-lo, mas sabia que isso não era apenas minha imaginação agindo. Ele era estranho, não parecia confortável fazendo seu trabalho de rotina.

Um dia eu segui ele de canto, mas rapidamente o perdi de vista. Quando voltei pra casa, lá estava ele. Me olhando diretamente no olhos, cerca de dez metros atrás de mim. Inexpressivo e frio.

-Explorando de novo? - perguntou ele. Isso foi tudo o que disse e havia um tom acusador em sua voz.

Diga-me se especialistas em conserto de telefones diriam algo assim?

Eu acho que essa é a pior parte. Nunca me sentir seguro. Apenas sozinho. Sempre encontrava pela casa algum material diferente da Disney que eu nunca havia visto ou notado antes. Borracha escolar no formato do Mickey, uma revista da Disney Explora na minha estante, etc.

Eles esconderam pequenos Mickeys em todos os lugares. Três círculos, um grande e dois pequenos, formando a silhueta da cabeça do famoso rato.

Eu comecei a reparar em todos os Mickeys que encontrava.

Marca de copos de café em minha mesa, uma grande, duas pequenas. Garrafas de vidro coloridas deixadas na porta, vistas de cima para baixo. Grafite em muros a caminho do meu trabalho, uma enorme terra, um pequeno sol e lua nos locais e tamanhos apropriados formando novamente outra silhueta do Mickey.

Eles estão por toda parte.

As pessoas têm me enviado sobre isso também. Se você compartilhar tudo o que eu tenho a dizer, você vai começar a encontrar esses contornos filhos da puta. Eu garanto.

Uma vez, de longe, algo me fez rir por causa do horror de todo esse transtorno. Havia um desenho de giz ao lado do meu carro. Fiquei surpreso no início, andando pelo estacionamento, mantendo-se atento para as pessoas me seguindo.

O desenho no chão parecia um... Bem, uma "vítima de assassinato". Você provavelmente está familiarizado com esse desenho em filmes e séries.

Ao lado do desenho, escrito em amarelo, feito a mão... Tinha uma única palavra.

"VOCÊ"

A única coisa boa em tudo isso, é que não sou o único que viu algo que não devia.

Não vou dar nomes, porque... bem, se eu dizer o porquê, você não prestaria atenção.

"Auditores" vão para o parque da Disney sempre que podem, durante o ano. Eles não vão para se divertir ou desfrutar do passeio, etc.

Eles observam muito as máscaras de gás infantis nas pessoas.

Parece ser uma tradição, aparentemente pessoas em todo parque usavam. Homens, mulheres, adultos, crianças e adolescentes.

Todos com máscaras de gás de personagens da Disney.

Os auditores voltavam e a Disney recebia toneladas de reclamações sobre pessoas "estranhamente vestidas" andando ao redor do parque. Pessoas que se misturavam com a multidão e desaparecem.

Mais tarde, as máscaras de gás fizeram com que as pessoas as tirassem e teorias e relatos de "possíveis terroristas" começaram a fluir.

Todos esses relatórios provavelmente foram direto para a lata de lixo. Eu sei que não consigo encontrar nenhum sinal de qualquer dessas ocasiões relatadas pela mídia (embora você deve estar ciente do fato de que a Disney pode muito bem controlar a mídia como ninguém).

Esses auditores e fiscais vão aos parques, falam com algumas pessoas e tentam não chamar a atenção. Eles perguntam para três ou quatro famílias se eles viram alguém usando uma "máscara engraçada".

Na verdade, eles querem uma máscara de gás pra usar como prova... Embora em uma ocasião, uma criança apontou para um deles na entrada do parque. Ele correu no meio da multidão e ouviu uma voz única gritar na frente dele: "Mamãe, eu quero uma máscara do Pateta também!"

Um colega que vou chamar de "Salva-vidas" trabalhou em um parque aquático da Disney de 2001 a 2003. Ele ficava no topo de um enorme tobogã de água e fazia com que nenhuma das crianças ficasse muito agitada. Colocando as crianças no tubo do tobogã para escorregar, uma de cada vez, dizendo a elas que o mais seguro era manter os braços colados ao corpo quando estivessem dentro.

Um dia, ele disse que um garoto gordo entrou no tubo, mas que não saiu do outro lado.

E sem perceber isso, enviou mais umas duas ou três crianças pra dentro. O garoto gordo havia ficado preso no tubo, e você deve estar imaginado que já que um ficou preso, as outras crianças também ficariam.

Não foi bem assim. Somente o garoto gordo desapareceu. Todo mundo saiu do outro lado, vibrando e espirrando água como se nada estivesse errado.

O salva vidas fechou o brinquedo por um instante, muito preocupado com o desaparecimento da criança dentro do tubo. Ele entrou e escorregou pelo brinquedo, e o garoto não estava lá dentro. Antes que ele pudesse chamar as autoridades para informar o desaparecimento... SPLASH! O gorducho finalmente saiu.

Os membros da equipe puxaram o garoto para fora da água. Ele afundou como uma pedra quando caiu na piscina, sua pele estava azul e os olhos arregalados. Tudo o que ele dizia era: "Crianças sem rosto" e "Pare de apertar".

O garoto estava bem fisicamente, caso você esteja se perguntando. Ele foi acarretado imediatamente ao centro médico. Quando o Salva-vidas pediu para abrir o tobogã pra saber o que havia acontecido lá dentro, ele foi ameaçado de demissão e relutantemente abriu o brinquedo novamente e voltou para seu trabalho de rotina.

Daquele momento em diante, ele ficou mais atento sobre as crianças. De vez enquanto eles saiam da fila, mas nunca algo tão sério como o caso do garoto gordo, mas sempre com um olhar de preocupação. Com o tempo tudo parecia ter sido algum sonho durante seu horário de almoço, mas ele só queria descobrir o que era realidade.

Eu li outros e-mails com relatos estranhos como esse. Eu queria que eles compartilhassem sua própria história, mas eles não queriam se expor dessa maneira. Não posso culpa-los.

A "Branca de Neve", que não era o verdadeiro papel dela no parque, era outro "personagem" do parque. Você sabe o que acontece quando um funcionário fantasiado cai morto dentro de sua fantasia?

Imagine só como deve ser... Uma hora, tirar uma foto com o pequeno Jimmy, e logo em seguida, sofrer um acidente vascular cerebral fatal?

Um segundo mascote fantasiado na área teve que senta-la no banco até outra pessoa assumir o posto, fazendo uma "limpeza a seco" e se livrando do corpo da forma mais discreta possível. Durante todo esse tempo, os clientes não faziam ideia de que estavam se sentando juntamente com um cadáver para tirar fotos.

Sinta-se livre para verificar os seus álbuns de fotos neste momento.

Isso foi ruim, mas um outro companheiro, que vou chama-lo de "Zelador", enlouqueceu completamente.

A Disney World (e provavelmente outras corporações), construíram uma série de túneis subterrâneos bem embaixo de seus pés. Vale a pena relatar três histórias. Tudo e qualquer coisa que você pode imaginar está lá embaixo, para uso dos funcionários.

Eles são chamados de Utilizadores. Corredores de utilidade.

Basicamente, essa é a razão que você não vê personagens fora do lugar ou zeladores vagando pelo parque.

Eles entram e saem de portas escondidas e viajam pela cidade subterrânea escondida.

Zelador me disse algo que poderia ser do conhecimento de qualquer pessoa, mas que mesmo assim foi novidade para mim.

Walt Disney teve vários apartamentos construídos em seus parques. Há um bem acima do Castelo da Cinderela... Outro em Piratas do Caribe. Eles estão em todos os lugares.

Mais do que isso, há boates, um cinema, uma pista de boliche, e muito mais. Tudo por trás de portas embutidas nas fachadas caprichosas que você provavelmente passou sem notar.

O Club 22 é uma dessas áreas escondidas. Se você tiver dinheiro o suficiente para se juntar ao clube exclusivo (pois é, você não tem), então terá acesso a ele e muito mais.

O Club 22 é um lugar onde vale tudo. A Corporação Disney chama esses lugares "Zonas Escuras". São pontos onde os personagens se trocam e dão lugar a bebidas, drogas e sim, sexo.

Também tem as "Zonas brancas" com poucos corredores de utilidade e as "Zonas Cinzas entre eles.

O Zelador também me disse que nem sempre foi assim. Foi mais pra um declínio lento e o abrandamento gradual das normas sociais dentro desse grupo de elite.

A razão pela qual ele sabe de tudo isso? Você já deve estar se perguntando... Sim, ele fez a limpeza desses lugares.

Depois de uma verificação de longos antecedentes e vários termos de confidencialidade, o zelador subiu de um atendente de parque para um membro da equipe de limpeza da zona escura.

Agora, antes de você imaginar alguma visão satânica de "sacrifício humano" na sua cabeça, não, Zelador não viu nada do tipo. Muitas garrafas vazias de álcool? Sim. Preservativos usados espalhados como desinflados balões de ano novo? Oh, sim. Ele limpou muitas quotas de sangue, urina e vômito. A única coisa que ele pensava era a quantidade de jovens baderneiros que usavam esses corredores.

Pelo menos, é assim que ele via em retrospecto.

Todo esse lixo, merdas profanas, entraram em um forno e se misturaram com a fumaça da chaminé de uma típica casa.

Se você já foi para a Disney World, você respirou pecado ultra condensado.

Reforçando essa informação, tem outro cara que vou chama-lo de "Hammer". Hammer me enviou à moda antiga, mas eu não sei bem como ele conseguiu o endereço da minha casa. Ele me mandou fotocópias de documentos provando seu emprego, e me instruiu a queimar quando estivesse convencido.

O que eu fiz de bom grado.

Hammer trabalhou ao redor do parque Disney World, fazendo a demolição e construção. Em um ponto, ele se aproximou conversou com seu superior em relação a alguns estranhos planos de construção.

Era uma ampla área retangular marcada nos projetos, do tamanho de um supermercado. Na área, foram deixadas somente as palavras "NÃO CAVE".

Ele não queria falar sobre isso, não queria saber sobre isso e terminou a conversa com "este espaço foi intencionalmente deixado em branco".

Hammer não entendeu. A área parecia um desperdício de espaço e entrou diretamente em conflito com o trabalho que sua equipe tinha designada. Ele começou a picar ao redor da área em suas folgas, encontrando apenas uma porta de aço abandonada e uma grande extensão de concreto logo depois.

Era um "vale do supermercado" do piso em branco, cinzento.

Logo depois, Hammer encontrou com os cadáveres usando as máscaras de gás.

Ao contrário de todos os outros relatos anteriores, as pessoas... ou melhor, as "coisas" que estavam usando as mascaras, estavam todas caídas, empilhadas e espalhadas pelo quarto. Centenas de cadáveres fracos, lesionados... Como cervos que foram presos e não conseguiam mais fugir.

As mascaras de gás tinham os rostos do personagem da Disney com filtros presos... Ele observou que elas pareciam molhadas por dentro, embaçados como uma janela de carro. Pequenas gotas de água brilhavam por trás do vidro, tornando-se impossível qualquer um enxergar através.

Indo mais longe, Hammer começou a fazer perguntas de todos aqueles que já trabalharam no parque por uma década ou mais.

Ele bateu impasses por toda parte, até que ele foi direcionado para Aida, uma mulher idosa que trabalhava em um restaurante na rua principal. Ela tinha estado lá desde o caminho de volta e embora ninguém tivesse a coragem de perguntar diretamente, todos sabiam ela tinha muitas histórias terríveis para contar.

Hammer perguntou sobre o espaço vazio, e em seguida, sobre os clientes mascarados. No começo ele pensou que iria receber um não sei como resposta. Ela estava quieta. Estranhamente quieta.

"Room Zero", ela resmungou, e em seguida colocou a mão em sua boca como se tivesse falado algo que não deveria ter dito.

Ela não olhou para o homem durante toda a conversa.

Room Zero (ou quarto zero) era mais outro quarto escondido, como os apartamentos e o Clube 22. Entretanto, seu tamanho e sua profunda mancha sob o parque está localizado para além de qualquer uma das zonas escuras de "diversão".

Era um abrigo contra bombardeio aéreo.

Room Zero foi construído para resistir a um ataque massivo, seja ele conduzido por inimigos estrangeiros ou nacionais.

A sala era abastecida com alimentos suficientes para o número médio da quantidade máxima de pessoas dentro do parque, e abrigava um quatro menor ainda conhecido como "quarto do pânico", para os superiores da Disney.

Durante a segunda guerra mundial, realmente máscaras de gás oficiais Disney foram produzidas para as crianças em caso de ataque. A ideia era que seria menos assustador para as crianças se o rosto de Mickey fosse estampado sobre o dispositivo de segurança em tempo de guerra.

Sim, eu sei os problemas óbvios com isso.

Durante o susto da guerra fria dos anos 60, quando foi construída a Disney World, a Room Zero foi abastecida com máscaras semelhantes também. Se eles não se preocupassem com os medos das crianças, ou apenas fossem insensíveis, talvez não tivesse acontecido aquilo lá embaixo.

Além do mais, algum gênio decidiu que as crianças não ficariam tão assustada com as máscaras de gás se seus pais as usassem... A assim, todas as máscaras, de adultos e crianças, foram feitas para cumprir com esta norma louca.

Aida o descreveu como "tratar uma ferida com suco de limão".

Nada disso explicava o que Hammer havia visto. Não só as aparências aparentemente sobrenaturais das pessoas, mas também o quarto esvaziado lá dentro.

- Eu estive lá - explicou ele - Só há um piso de cimento e quatro paredes na Room zero.

- Não - Aida abanou a cabeça e cobriu sua boca, abafando um soluço - Você esteve em cima da Room Zero. Aquilo foi planejado perfeitamente. Quando alguém descobrisse que houvesse um subsolo, iria vasculhar e encontrar aquele espaço vazio e nem imaginaria que existe outro saguão bem abaixo daquele.

Algo ou alguém soou o alarme, num dia em que a capacidade do parque estava no máximo. O aviso era claro. Eles estavam sofrendo um suposto ataque aéreo.

Os seguranças levaram todos para a Room Zero. Lá, eles foram ordenados a colocarem suas máscaras e acolherem-se durante o bombardeio.

Tudo estava calmo nos primeiros trinta minutos, exceto as crianças que choravam e os sussurravam assustadas. Ninguém queria morrer, então os pais eram gratos de alguma forma por esta estranha medida de segurança.

Então, alguém deu o primeiro grito.

- EI! - um homem gritou - Pare de me beliscar!

Uma onda de gritos começou a se alastrar na multidão, de uma parede à outra.

- QUEM ESTÁ CORRENDO? ACALMEM-SE! - Alguém gritou.

- Quem está rindo? Isso não tem graça!

- Ow! Quem pisou no meu pé?!

Apesar dos guardas de segurança pedindo para manterem a calma, a multidão ficou ainda mais agitada, até que, finalmente, depois de quase uma hora de loucura...

As luzes se apagaram.

Todos morreram.

O que veio em seguida só pode ser descrito como caos. No escuro, somente as paredes dos jovens e os gemidos dos adultos podiam ser ouvidos em um maciço, inchaço que sangrava os ouvidos de todos dentro daquela câmara de eco negra.

Um grupo de membros da equipe e alguns poucos funcionários conseguiram atravessar a porta, dispostos a enfrentar a guerra acima, ao invés da insanidade abaixo. O que eles encontraram, porém, foi um parque temático desolado, ainda intocado.

Não havia ataque nenhum. A música continuava a tocar, ecoando pela cidades de contos de fadas em silêncio.

Ao retornar à Room Zero, os poucos que ficaram no topo da escada aço que chumbo na escuridão se levantaram, não ouvindo nenhum sinal de batalha anterior. Havia apenas silêncio.

Aida desceu as escada, apesar da mendicância daqueles que deixou acima.

Ela alcançou as portas reforçadas, agora inundado na escuridão e ouvindo apenas o zumbido nos ouvidos.

Uma única voz saiu da escuridão. O eco tornou impossível dizer se a voz rouca, veio da parte de trás do abrigo ou se foi bem na frente de seu rosto.

-Feche a porta, querida. Você está deixando mais frio aqui dentro.

Dominada pelo terror, ela fez exatamente isso. Dentro de dias, a coisa toda... Abrigo, escadaria, tudo... estava coberto com os pés em cima de pés de cimento. Sistemas de ar e geradores acima de seu teto foram removidos, criando o grande espaço vazio.

- Eles ainda estão lá embaixo - Aida disse para Hammer - Com quem quer que fosse, de alguma maneira, eles não estão mortos.

Você pode notar que o único nome verdadeiro que usei foi o da Aida.

Infelizmente, ela faleceu logo após contar sua história. Queda acidental, supostamente, depois de sair da cama para acender a luz.

"Uma adoradora do seu antigo emprego", o jornal local publicou, devido as várias silhuetas do Mickey que foram encontradas em sua casa. Silhuetas que não estavam lá quando visitei o local após o acidente, e silhuetas que estão começando a aparecer em meu apartamento.
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Lestrigões

quinta-feira, 7 de abril de 2016.

Lestrigões são uma tribo de gigantes antropófagos da mitologia greco-romana. 


                  O termo lestrigão foi derivado da palavra grega laisêion, ¨couro cru¨ ou ¨pele¨ e trigaô, ¨reunir¨. 


                São conhecidos por serem ativos, dedicados, eficientes e praticamente incansáveis, trabalham dia e noite como pastores e se alimentam do próprio rebanho, também comem qualquer humano que aparecer pelas suas terras.
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Vísceras

quarta-feira, 6 de abril de 2016.
Inspire.

Inspire o máximo de ar que conseguir. Essa história deve durar aproximadamente o tempo que você consegue segurar sua respiração, e um pouco mais. Então escute o mais rápido que puder.

Um amigo meu aos 13 anos ouviu falar sobre “fio-terra”. Isso é quando alguém enfia um consolo na bunda. Estimule a próstata o suficiente, e os rumores dizem que você pode ter orgasmos explosivos sem usar as mãos. Nessa idade, esse amigo é um pequeno maníaco sexual. Ele está sempre buscando uma melhor forma de gozar. Ele sai para comprar uma cenoura e lubrificante. Para conduzir uma pesquisa particular. Ele então imagina como seria a cena no caixa do supermercado, a solitária cenoura e o lubrificante percorrendo pela esteira o caminho até o atendente no caixa. Todos osclientes esperando na fila, observando. Todos vendo a grande noite que ele preparou.

Então, esse amigo compra leite, ovos, açúcar e uma cenoura, todos os ingredientes para um bolo de cenoura. E vaselina.

Como se ele fosse para casa enfiar um bolo de cenoura no rabo.

Em casa, ele corta a ponta da cenoura com um alicate. Ele a lubrifica e desce seu traseiro por ela. Então, nada. Nenhum orgasmo. Nada acontece, exceto pela dor.

Então, esse garoto, a mãe dele grita dizendo que é a hora da janta. Ela diz para descer, naquele momento.

Ele remove a cenoura e coloca a coisa pegajosa e imunda no meio das roupas sujas debaixo da cama.

Depois do jantar, ele procura pela cenoura, e não está mais lá. Todas as suas roupas sujas, enquanto ele jantava, foram recolhidas por sua mãe para lavá-las. Não havia como ela não encontrar a cenoura, cuidadosamente esculpida com uma faca da cozinha, ainda lustrosa de lubrificante e fedorenta.

Esse amigo meu, ele espera por meses na surdina, esperando que seus pais o confrontem. E eles nunca fazem isso. Nunca. Mesmo agora que ele cresceu, aquela cenoura invisível aparece em toda ceia de Natal, em toda festa de aniversário. Em toda caça de ovos de páscoa com seus filhos, os netos de seus pais, aquela cenoura fantasma paira por sobre todos eles. Isso é algo vergonhoso demais para dar um nome.

As pessoas na França possuem uma expressão: “sagacidade de escadas.” Em francês: esprit de l’escalier. Representa aquele momento em que você encontra a resposta, mas é tarde demais. Digamos que você está numa festa e alguém o insulta. Você precisa dizer algo. Então sob pressão, com todos olhando, você diz algo estúpido. Mas no momento em que sai da festa… enquanto você desce as escadas, então – mágica. Você pensa na coisa mais perfeita que poderia ter dito. A réplica mais avassaladora.

Esse é o espírito da escada.

O problema é que até mesmo os franceses não possuem uma expressão para as coisas estúpidas que você diz sob pressão. Essas coisas estúpidas e desesperadas que você pensa ou faz.

Alguns atos são baixos demais para receberem um nome. Baixos demais para serem discutidos.

Agora que me recordo, os especialistas em psicologia dos jovens, os conselheiros escolares, dizem que a maioria dos casos de suicídio adolescente eram garotos se estrangulando enquanto se masturbavam. Seus pais os encontravam, uma toalha enrolada em volta do pescoço, a toalha amarrada no suporte de cabides do armário, o garoto morto. Esperma por toda a parte. É claro que os pais limpavam tudo. Colocavam calças no garoto. Faziam parecer… melhor. Ao menos, intencional. Um caso comum de triste suicídio adolescente.

Outro amigo meu, um garoto da escola, seu irmão mais velho na Marinha dizia como os caras do Oriente Médio se masturbavam de forma diferente do que fazemos por aqui. Esse irmão tinha desembarcado num desses países cheios de camelos, onde o mercado público vendia o que pareciam abridores de carta chiques. Cada uma dessas coisas é apenas um fino cabo de latão ou prata polida, do comprimento aproximado de sua mão, com uma grande ponta numa das extremidades, ou uma esfera de metal ou uma dessas empunhaduras como as de espadas. Esse irmão da Marinha dizia que os árabes ficavam de pau duro e inseriam esse cabo de metal dentro e por toda a extremidade de seus paus. Eles então batiam punheta com o cabo dentro, e isso os fazia gozar melhor. De forma mais intensa.

Esse irmão mais velho viajava pelo mundo, mandando frases em francês. Frases em russo. Dicas de punhetagem.

Depois disso, o irmão mais novo, um dia ele não aparece na escola. Naquela noite, ele liga pedindo para eu pegar seus deveres de casa pelas próximas semanas. Porque ele está no hospital.

Ele tem que compartilhar um quarto com velhos que estiveram operando as entranhas. Ele diz que todos compartilham a mesma televisão. Que a única coisa para dar privacidade é uma cortina. Seus pais não o vem visitar. No telefone, ele diz como os pais dele queriam matar o irmão mais velho da Marinha.

Pelo telefone, o garoto diz que, no dia anterior, ele estava meio chapado. Em casa, no seu quarto, ele deitou-se na cama. Ele estava acendendo uma vela e folheando algumas revistas pornográficas antigas, preparando-se para bater uma. Isso foi depois que ele recebeu as notícias de seu irmão marinheiro. Aquela dica de como os árabes se masturbam. O garoto olha ao redor procurando por algo que possa servir. Uma caneta é grande demais. Um lápis, grande demais e áspero. Mas escorrendo pelo canto da vela havia um fino filete de vela derretida que poderia servir. Com as pontas dos dedos, o garoto descola o filete da vela. Ele o enrola na palma de suas mãos. Longo, e liso, e fino.

Chapado e com tesão, ele enfia lá dentro, mais e mais fundo por dentro do canal urinário de seu pau. Com uma boa parte da cera ainda para fora, ele começa o trabalho.

Até mesmo nesse momento ele reconhece que esses árabes eram caras muito espertos.

Eles reinventaram totalmente a punheta. Deitado totalmente na cama, as coisas estão ficando tão boas que o garoto nem observa a filete de cera. Ele está quase gozando quando percebe que a cera não está mais lá.

O fino filete de cera entrou. Bem lá no fundo. Tão fundo que ele nem consegue sentir a cera dentro de seu pau.

Das escadas, sua mãe grita dizendo que é a hora da janta. Ela diz para ele descer naquele momento. O garoto da cenoura e o garoto da cera eram pessoas diferentes, mas viviam basicamente a mesma vida.

Depois do jantar, as entranhas do garoto começam a doer. É cera, então ele imagina que ela vá derreter dentro dele e ele poderá mijar para fora. Agora suas costas doem. Seus rins. Ele não consegue ficar ereto corretamente.

O garoto falando pelo telefone do seu quarto de hospital, no fundo pode-se ouvir campainhas, pessoas gritando. Game shows.

Os raios-X mostram a verdade, algo longo e fino, dobrado dentro de sua bexiga. Esse longo e fino V dentro dele está coletando todos os minerais no seu mijo. Está ficando maior e mais espesso, coletando cristais de cálcio, está batendo lá dentro, rasgando a frágil parede interna de sua bexiga, bloqueando a urina. Seus rins estão cheios. O pouco que sai de seu pau é vermelho de sangue.

O garoto e seus pais, a família inteira, olhando aquela chapa de raio-X com o médico e as enfermeiras ali, um grande V de cera brilhando na chapa para todos verem, ele deve falar a verdade. Sobre o jeito que os árabes se masturbam. Sobre o que o seu irmão mais velho da Marinha escreveu.

No telefone, nesse momento, ele começa a chorar.

Eles pagam pela operação na bexiga com o dinheiro da poupança para sua faculdade. Um erro estúpido, e agora ele nunca mais será um advogado.

Enfiando coisas dentro de você. Enfiando-se dentro de coisas. Uma vela no seu pau ou seu pescoço num nó, sabíamos que não poderia acabar em problemas.

O que me fez ter problemas, eu chamava de Pesca Submarina. Isso era bater punheta embaixo d’água, sentando no fundo da piscina dos meus pais. Pegando fôlego, eu afundava até o fundo da piscina e tirava meu calção. Eu sentava no fundo por dois, três, quatro minutos.

Só de bater punheta eu tinha conseguido uma enorme capacidade pulmonar. Se eu tivesse a casa só para mim, eu faria isso a tarde toda. Depois que eu gozava, meu esperma ficava boiando em grandes e gordas gotas.

Depois disso eram mais alguns mergulhos, para apanhar todas. Para pegar todas e colocá-las em uma toalha. Por isso chamava de Pesca Submarina. Mesmo com o cloro, havia a minha irmã para se preocupar. Ou, Cristo, minha mãe.

Esse era meu maior medo: minha irmã adolescente e virgem, pensando que estava ficando gorda e dando à luz a um bebê retardado de duas cabeças. As duas parecendo-se comigo. Eu, o pai e o tio. No fim, são as coisas com as quais você não se preocupa que te pegam.

A melhor parte da Pesca Submarina era o duto da bomba do filtro. A melhor parte era ficar pelado e sentar nela.

Como os franceses dizem, Quem não gosta de ter seu cu chupado? Mesmo assim, num minuto você é só um garoto batendo uma, e no outro nunca mais será um advogado.

Num minuto eu estou no fundo da piscina e o céu é um azul claro e ondulado, aparecendo através de dois metros e meio de água sobre minha cabeça. Silêncio total exceto pelas batidas do coração que escuto em meu ouvido. Meu calção amarelo-listrado preso em volta do meu pescoço por segurança, só em caso de algum amigo, um vizinho, alguém que apareça e pergunte porque faltei aos treinos de futebol. O constante chupar da saída de água me envolve enquanto delicio minha bunda magra e branquela naquela sensação.

Num momento eu tenho ar o suficiente e meu pau está na minha mão. Meus pais estão no trabalho e minha irmã no balé. Ninguém estará em casa por horas.

Minhas mãos começam a punhetar, e eu paro. Eu subo para pegar mais ar. Afundo e sento no fundo. Faço isso de novo, e de novo.

Deve ser por isso que garotas querem sentar na sua cara. A sucção é como dar uma cagada que nunca acaba. Meu pau duro e meu cu sendo chupado, eu não preciso de mais ar. O bater do meu coração nos ouvidos, eu fico no fundo até as brilhantes estrelas de luz começarem a surgir nos meus olhos. Minhas pernas esticadas, a batata das pernas esfregando-se contra o fundo. Meus dedos do pé ficando azul, meus dedos ficando enrugados por estar tanto tempo na água.

E então acontece. As gotas gordas de gozo aparecem. É nesse momento que preciso de mais ar. Mas quando tento sair do fundo, não consigo. Não consigo colocar meus pés abaixo de mim. Minha bunda está presa.

Médicos de plantão de emergência podem confirmar que todo ano cerca de 150 pessoas ficam presas dessa forma, sugadas pelo duto do filtro de piscina. Fique com o cabelo preso, ou o traseiro, e você vai se afogar. Todo o ano, muita gente fica. A maioria na Flórida.

As pessoas simplesmente não falam sobre isso. Nem mesmo os franceses falam sobre tudo. Colocando um joelho no fundo, colocando um pé abaixo de mim, eu empurro contra o fundo. Estou saindo, não mais sentado no fundo da piscina, mas não estou chegando para fora da água também.

Ainda nadando, mexendo meus dois braços, eu devo estar na metade do caminho para a superfície mas não estou indo mais longe que isso. O bater do meu coração no meu ouvido fica mais alto e mais forte.

As brilhantes fagulhas de luz passam pelos meus olhos, e eu olho para trás… mas não faz sentido. Uma corda espessa, algum tipo de cobra, branco-azulada e cheia de veias, saiu do duto da piscina e está segurando minha bunda. Algumas das veias estão sangrando, sangue vermelho que aparenta ser preto debaixo da água, que sai por pequenos cortes na pálida pele da cobra. O sangue começa a sumir na água, e dentro da pele fina e branco-azulada da cobra é possível ver pedaços de alguma refeição semi-digerida.

Só há uma explicação. Algum horrível monstro marinho, uma serpente do mar, algo que nunca viu a luz do dia, estava se escondendo no fundo escuro do duto da piscina, só esperando para me comer.

Então… eu chuto a coisa, chuto a pele enrugada e escorregadia cheia de veias, e parece que mais está saindo do duto. Deve ser do tamanho da minha perna nesse momento, mas ainda segurando firme no meu cu. Com outro chute, estou a centímetros de conseguir respirar. Ainda sentindo a cobra presa no meu traseiro, estou bem próximo de escapar.

Dentro da cobra, é possível ver milho e amendoins. E dá pra ver uma brilhante esfera laranja. É um daqueles tipos de vitamina que meu pai me força a tomar, para poder ganhar massa. Para conseguir a bolsa como jogador de futebol. Com ferro e ácidos graxos Ômega 3.

Ver essa pílula foi o que me salvou a vida. Não é uma cobra. É meu intestino grosso e meu cólon sendo puxados para fora de mim. O que os médicos chamam de prolapso de reto. São minhas entranhas sendo sugadas pelo duto.

Os médicos de plantão de emergência podem confirmar que uma bomba de piscina pode puxar 300 litros de água por minuto. Isso corresponde a 180 quilos de pressão. O grande problema é que somos todos interconectados por dentro. Seu traseiro é apenas o término da sua boca. Se eu deixasse, a bomba continuaria a puxar minhas entranhas até que chegasse na minha língua. Imagine dar uma cagada de 180 quilos e você vai perceber como isso pode acontecer.

O que eu posso dizer é que suas entranhas não sentem tanta dor. Não da forma que sua pele sente dor. As coisas que você digere, os médicos chamam de matéria fecal. No meio disso tudo está o suco gástrico, com pedaços de milho, amendoins e ervilhas.

Essa sopa de sangue, milho, merda, esperma e amendoim flutua ao meu redor. Mesmo com minhas entranhas saindo pelo meu traseiro, eu tentando segurar o que restou, mesmo assim, minha vontade é de colocar meu calção de alguma forma.

Deus proíba que meus pais vejam meu pau.

Com uma mão seguro a saída do meu rabo, com a outra mão puxo o calção amarelo-listrado do meu pescoço. Mesmo assim, é impossível puxar de volta.

Se você quer sentir como seria tocar seus intestinos, compre um camisinha feita com intestino de carneiro. Pegue uma e desenrole. Encha de manteiga de amendoim. Lubrifique e coloque debaixo d’água. Então tente rasgá-la. Tente partir em duas. É firme e ao mesmo tempo macia. É tão escorregadia que não dá para segurar.

Uma camisinha dessas é feita do bom e velho intestino.

Você então vê contra o que eu lutava.

Se eu largo, sai tudo.

Se eu nado para a superfície, sai tudo.

Se eu não nadar, me afogo.

É escolher entre morrer agora, e morrer em um minuto.

O que meus pais vão encontrar depois do trabalho é um feto grande e pelado, todo curvado. Mergulhado na água turva da piscina de casa. Preso ao fundo por uma larga corda de veias e entranhas retorcidas. O oposto do garoto que se estrangula enquanto bate uma. Esse é o bebê que trouxeram para casa do hospital há 13 anos. Esse é o garoto que esperavam conseguir uma bolsa de jogador de futebol e eventualmente um mestrado. Que cuidaria deles quando estivessem velhinhos. Seus sonhos e esperanças. Flutuando aqui, pelado e morto. Em volta dele, gotas gordas de esperma.

Ou isso, ou meus pais me encontrariam enrolado numa toalha encharcada de sangue, morto entre a piscina e o telefone da cozinha, os restos destroçados das minhas entranhas para fora do meu calção amarelo-listrado.

Algo sobre o que nem os franceses falam. Aquele irmão mais velho na Marinha, ele ensinou uma outra expressão bacana. Uma expressão russa. Do jeito que nós falamos “Preciso disso como preciso de um buraco na cabeça…”, os russos dizem, “Preciso disso como preciso de dentes no meu cu…”

Mne eto nado kak zuby v zadnitse.

Essas histórias de como animais presos em armadilhas roem a própria perna fora, bem, qualquer coiote poderá te confirmar que algumas mordidas são melhores que morrer.

Droga… mesmo se você for russo, um dia vai querer esses dentes.

Senão, o que você pode fazer é se curvar todo. Você coloca um cotovelo por baixo do joelho e puxa essa perna para o seu rosto. Você morde e rói seu próprio cu. Se você ficar sem ar você consegue roer qualquer coisa para poder respirar de novo.

Não é algo que seja bom contar a uma garota no primeiro encontro. Não se você espera por um beijinho de despedida. Se eu contasse como é o gosto, vocês não comeriam mais frutos do mar.

É difícil dizer o que enojaria mais meus pais: como entrei nessa situação, ou como me salvei. Depois do hospital, minha mãe dizia, “Você não sabia o que estava fazendo, querido. Você estava em choque.” E ela teve que aprender a cozinhar ovos pochê.

Todas aquelas pessoas enojadas ou sentindo pena de mim…

Precisava disso como precisaria de dentes no cu.

Hoje em dia, as pessoas sempre me dizem que eu sou magrinho demais. As pessoas em jantares ficam quietas ou bravas quando não como o cozido que fizeram. Cozidos podem me matar. Presuntadas. Qualquer coisa que fique mais que algumas horas dentro de mim, sai ainda como comida. Feijões caseiros ou atum, eu levanto e encontro aquilo intacto na privada.

Depois que você passa por uma lavagem estomacal super-radical como essa, você não digere carne tão bem. A maioria das pessoas tem um metro e meio de intestino grosso. Eu tenho sorte de ainda ter meus quinze centímetros. Então nunca consegui minha bolsa de jogador de futebol. Nunca consegui meu mestrado. Meus dois amigos, o da cera e o da cenoura, eles cresceram, ficaram grandes, mas eu nunca pesei mais do que pesava aos 13 anos.

Outro problema foi que meus pais pagaram muita grana naquela piscina. No fim meu pai teve que falar para o cara da limpeza da piscina que era um cachorro. O cachorro da família caiu e se afogou. O corpo sugado pelo duto. Mesmo depois que o cara da limpeza abriu o filtro e removeu um tubo pegajoso, um pedaço molhado de intestino com uma grande vitamina laranja dentro, mesmo assim meu pai dizia, “Aquela porra daquele cachorro era maluco.”

Mesmo do meu quarto no segundo andar, podia ouvir meu pai falar, “Não dava para deixar aquele cachorro sozinho por um segundo…”

E então a menstruação da minha irmã atrasou.

Mesmo depois que trocaram a água da piscina, depois que vendemos a casa e mudamos para outro estado, depois do aborto da minha irmã, mesmo depois de tudo isso meus pais nunca mencionaram isso novamente.

Nunca.

Essa é a nossa cenoura invisível.

Você.

Agora você pode respirar.

Eu ainda não.
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